Sectis

Com dois
Poemas sujos
E um imundo,
Não mudei
Minha sorte,
Nem enganei
A morte.
Mas me livrei
Do último
Corte:
Aquele que se
Engole
Com a saliva.

Biberet

E beberei
Da tua boca
Todo desejo
De calar-se.

Nunc

Obscuralua,
no Patiorrompe.

Creatio

E repasso
Ao tempo que urge,
Minha mais nova criação:
Crisálidas de horas móveis,
Cruzando ribeirões.

Sequenti

E seguir minha vida assim,

Querendo sentir

O sem sentido.

Dux

 Entre girassóis -

Um general de calça curta -

Comandava o amanhecer.

Os eius

... E só aí,
então,
beijar
sua boca,
como não houvesse
o
silêncio.

Scyphum

E nem levantaria a mão,

Se não fosse a taça,

E esse "nãoseioquê"

Que me perturba;

Essa frase cortada,

Esse gesto inacabado.

Contestatus

Enquanto ainda

Me resta força,

Suspiro verbos

esconjurados

Sustinere

Apoio em provérbios

Minhas malfadadas forças

Naenia

Devolvo para o mar

Sua cantiga rouca.

Canticum

Em algum canto Billie Holiday canta

Esqueço as palavras

Desfaço o verso.

Quod ultra

Meus versos não são mais aqueles.

Porque aqueles,

Estavam no início

E não neste

Fim.

Lectulo

E nem era uma rosa na janela.
Eram cravos, lírios, orquídeas.
Eram azuis, brancas, amarelas.
E tinha vermelho também.
Eram todas as cores.
Era "tudo que cheira,
Rosa, flor de laranjeira*".

* Poemeto Erótico, Manuel Bandeira

Semi Afflixerunt

Silentes,

Seus olhos

Semi-aflitos,

Declamavam

Meu nome.

Soror

Ali do alto,

Sempre cheia e brilhante,

Entre a tardinha e a noite,

Ela vem chegando devagar:

_Entra minha querida. O café tá na mesa e tem pudim na geladeira!

E num rastro de perfume se vai, assim, como quem chega.

Flore Caeruleo (com agradecimento a música Sapato Velho, Roupa Nova)

Flores de Curitiba
Abriram na minha janela.
Mas nunca vi Curitiba
E suas flores.
Só conheço aquelas
Azuis,
Plantadas anteontem
Nos portões de maio.

Oblivionem

Porque o tempo
É inexato.
Às vezes cresce.
Outras, esquece.

Caelum

Não era o céu,
Era o azul
Que eu via.

Manibus

Me desmancho,

E já não caibo

Nas mãos.

Matinum

Nem sempre

A madrugada

Amanhece,

A rosa

Floresce, ou

O silêncio

Emudece.

Às vezes

O branco

Empalidece,

A dor

Amortece,

Ou o vazio

Acontece.

Silentium

Mas era meu

Silêncio contíguo

Que morria!