o Maurício. O blog do Artur é: http://oglobo.globo.com/cultura/xexeo/

sábado, 17 de dezembro de 2011

domingo, 6 de novembro de 2011

Nautae

Por que me olhas com este olhar de além mar,
Se não trago oceanos?
Por que me olhas com estes olhos de paraíso,
Se não tenho a graça?
Por que me olhas com estes olhos verde garrafa,
Se meu conteúdo é inapropriado?
Por que me olhas, simplesmente,
Se não trago espelhos nem miçangas?
Se não sou do outro lado das ondas?
Se minhas bandeiras são informes?
Se é a dor que me arrasta e sustenta os barcos à meia nau?
Por que me olhas com este olhar de abandono,
Se minhas sedições estão esquecidas?
Se não venho tomar-te à força,
Se não venho escravizar-te?
Se não venho, simplesmente.
Sou apenas um frasco vazio,
Sem mensagem dentro.

Voluntas

Só o que não passa
É esse desejo
Que sopres meus olhos,
Que passes meio aflita,
Que fiques meio mole,
Que fites o vestido azul.
Que escales meus montes,
Que acordes a madrugada,
Com teu sorriso, semiperfeito,
Repleto de sem ausências
E assim silencie o amargo
Que trava sua língua na minha.

Et optimi pessima

Como não houvesse espelhos
O tempo cruza “a lo largo”,
Deixando um assobio:
“O melhor e o pior de mim,
É que eu passo”!

Vitrum flavum

Nem a noite,
Nem o dia,
Espantavam mais,
O homem que
Se escondia atrás
Da vidraça amarela.
Nem a dor,
Nem a graça,
Nem o vazio,
Que se escondia
Atrás do homem
Que olhava a rosa
Por trás da vidraça amarela.
Nem a rosa presa no jardim,
Nem a cor da vidraça,
Ou a cor indefinível da rosa
Que confundia o homem
Por trás da vidraça amarela.
Nada espantava o homem
Nem o século,
Ou as horas,
Nem o vento.
Só havia a vidraça amarela,
E a cor indefinível
Da rosa ali em frente.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Temporibus

Já escrevi livros  que eu mesmo publiquei,
Li, rabisquei e outros tantos que nunca rascunhei.
Já plantei árvores e algumas bananeiras,
Colhi sonhos onde se plantavam tempestades,
Já tive netos absurdos quando ligava constelações
E minha vida, como se existir fosse pouco,
Será eterna,
Porque contrariando a norma, ainda sou(l)!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ridet

Teu sorriso irradia as manhãs.
Não todas.
Somente aquelas
Quando vejo
Teu sorriso.

Conversum

Conseguimos nos ver por espelhos,
Porque meu o olho no teu olho,
Transfigura a imagem reversa.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Praetendunt

Sem querer, hoje,
Deitei no seu colo inexistente
E fingi que a vida faz sentido.
Sem querer, hoje,
Levantei do seu colo desvanecido,
Mas não consegui fingir,
Que seus braços fazem sentido!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Nidum

E entre aqueles galhos que ninguém via,
Que ninguém mais ouvia,
Que de tão escondido
Ninguém descobria,
Lá onde o vento não assobia,
Justo ali,
Um ninho.

Puerorum

E mesmo evitando a clarividência
Daquela lanterna,
A luz me lembrava a todo instante,
Que meninos não choram
Quando iluminados.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Noctibus

É nas madrugadas
Que se faz o silêncio.
Então que o dia e a noite,
Me esmaguem
Com seus pesados ares
E desejos curtos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

quinta-feira, 7 de julho de 2011

rosae

E como não sei desenhar,
E nem como buscar,
Tome este verso
Como uma flor

participium

A alma leva meu couro
Já marcado.
Mas não leva meu corpo,
Ainda imaculado.
Apesar de ultrajado,
Cirurgiado,
Machucado,
Humilhado,
Indignado,
Desrespeitado,
Meu couro já marcado
Vai sem o medo da culpa.
Mas fica o corpo, feito prova
De que a alma leva as marcas,
Mas não leva o corpo,
Ainda que imaculado.
Apesar de pouco abençoado,
Desavergonhado,
Desarticulado,
Regurgitado,
Circuncidado,
A alma se agarra ao couro,
Feito bóia.
E solta o corpo que lhe sopra o couro.
Porque marcas não se dissipam,
Permanecem
Como corpos imaculados.

invenire

Belo e repugnante,
Encontrar seus olhos
No acaso.

spectare

Mas por quais olhos mesmo,
você me enxerga?

sábado, 18 de junho de 2011

Animum

Mas se a intenção é boa
Pode-se escrever com s,
C, com z, raiz quadrada ou
Clave de fá.
Mas se é ruim,
Fuuu....
Não tem nem como
Soletrar.

Qui Legit

E eu que nem mais sabia
Onde ficava o A,
Vem você e me
Sorri o alfabeto.

Cacicus cela (para uma menina que usava botas)

Aquela menina
Nos trava-línguas que inventa(va),
Me chamava de chuchu.
Sem a intenção da fruta,
Sem a intenção da planta,
Sem a intenção da terra.
Com a intenção do voo.

Messis Alatum

E aquela menina
Que vivia entre as folhas,
Quem diria
Plantou asas no jardim.

Eques Facile

Tenho em mim
Dois cavaleiros errantes,
Aliás, três.
Um que sei o nome,
O outro que me chama de tu,
E o terceiro que não sei.
Tenho em mim
Dois cavaleiros errantes,
Aliás, três.
Um que se veste de púrpura,
Um segundo que se esconde no escuro
E o outro que não sei.
Trago em mim
Dois cavaleiros errantes,
Aliás, três.
Um que saca a espada
E se lança à carga.
Aquele que olha e pondera
E o outro, eu não sei
Trago em mim
Dois cavaleiros errantes,
Aliás, três.
Um que voa,
O segundo que parte
E um terceiro que
ainda não sabe.

Crysalis

E mesmo que jurassem,
muita gente duvidaria,
que aquela menina
botou asas...

Et Facies Illius Sudario Extersit


Olhos azuis negros
Me espreitavam nas esquinas.
Mão estendida:
Somente olhos,
Sem cores,
Nem esquinas.